sexta-feira, 13 de setembro de 2019

O que ninguém sabe , e o que ninguém vê.



Quem é Pattyfe Millman ?
Não sei dizer , mas acho que sei como surgiu .
Não preciso voltar a citar toda dor , e toda angustia e sofrimento que já fora ,detalhadas nesse blog , mas sempre fui hiperativo , e muito , muito tímido , problemático , e vinha tentando me achar e sendo isolado por uma pessoa que queria me manter ocupado  arrumando problemas, e uma dessas ocupações , era o teatro ,eu era obrigado a fazer uma coisa que eu odiava no inicio , me mostrar. já era um castigo . falar em publico uma humilhação , eu tinha vergonha das cicatrizes nas minhas costas , eu odiava ser observado por ter meus cabelos longos ,eu sempre chegava atrasado , com a esperança que o instrutor me mandasse voltar pra casa , mas eu nunca fui ruim , descobri que o sr . Mario da portaria , chegava as 5:00 da manhã , e ele nunca tomava café da manhã . e ficava com fome até as hora do almoço ,eu  fazia sempre um dois sanduíches de pão com mortadela , um pra mim ,e outro pro senhor que tinha gastrite ,não ficasse tanto tempo sem comer , saudades da tia Clara , ela limpava tudo tão bem, e sempre tinha um sorriso ,pra me dar quando eu estava deprimido ,e isolado ,quando ela foi assaltada pouco antes do natal , eu tinha acabado de vender , o quimono do judô ,e a prancha de surf , eu nunca levei jeito pra aquilo ,assim como eu sabia também ,que aquele dinheiro não me faria falta ,e não pensei duas vezes antes de dar toda grana , pra tia Clara ,que chorou muito naquele dia , depois eu fiquei sabendo que , o dinheiro seria pra comprar remédios e os presentes dos netos ,eu odiava teatro , mas eu adorava aquelas pessoas ,eu sempre fui muito bem tratado , fizesse a merda que eu fizesse ,e eu tinha uma apresentação do curso pra mostrar, e a vergonha me corroía , uma pessoa bem próxima na época , sentou comigo dentro de um box ,com o chuveiro ligado , e disse que era pra eu levantar a cabeça , e fazer o que tivesse de ser feito , por que eu não era melhor que ninguém , e que ninguém tinha o direito de me criticar ,por fazer algo mal feito , ou mais ou menos , uma vez que eu era bom .
e no dia da apresentação fechada , e eu coloquei a mascara , os óculos ,e o velho boné rasgado eu senti algo tomar conta de mim ..quando começou o monologo , eu simplesmente comecei a contar aos gritos ," que ninguém que ama alguém tem o direito de ,negligenciar amor ou atenção , ninguém que entra em um carro e vê ,quem se ama morrer ,sai do mesmo jeito .ninguém olha pros lados ..e se importa com quem carrega marmita ...ninguém se importa com a fome de quem abre a porta ..e se tem que ter vergonha pra alguma coisa , que engula a vergonha e faça agora ..por que o mundo me envergonha ,pelas atitudes diárias e insensíveis e egoístas ." eu praticamente não sei o que aconteceu comigo , saiu ..não era eu ...era o Pattyfe Millman falando ,falando pelo garoto que ficou espremido no carro vendo o pai morrer , o menino que a mãe desprezou , o menino que em um ano passou por quatro escolas , o menino que era espancado e tinha vergonha de mostrar as cicatrizes , mas que não tinha medo de ser bom , ou dizer o que pensava .
quando eu terminei , as pessoas me aplaudiram , uma me disse que dava pra ouvir na portaria ,o pessoal da direção veio ver o que tava acontecendo e tinha o dobro de gente na sala , muita gente me deu parabéns pela performance , mas ninguém notou que eu chorava , e estava muito mal por baixo da mascara .  

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fogus factus fetus

  "Eu entendo que de tanto olhar os erros se manteve um tanto ausente , E pelo pouco tempo que te resta decidiu estar presente ."...